Atividade física como aliada no cuidado da saúde mental

O que a ciência nos mostra sobre depressão, ansiedade e sofrimento psicológico A saúde mental tem se tornado uma das maiores preocupações globais da atualidade. Depressão, ansiedade e sofrimento psicológico afetam milhões de pessoas no mundo, impactando não apenas o bem-estar emocional, mas também a saúde física, os relacionamentos e a qualidade de vida. Diante desse cenário, pesquisadores têm investigado cada vez mais o papel da atividade física como uma estratégia terapêutica eficaz. Um grande estudo científico publicado no British Journal of Sports Medicine reuniu e analisou os resultados de dezenas de revisões sistemáticas para responder a uma pergunta central: A atividade física realmente ajuda a reduzir sintomas de depressão, ansiedade e sofrimento psicológico? O que foi analisado nessa pesquisa? Os pesquisadores realizaram uma revisão “guarda-chuva”, ou seja, uma análise de alto nível que reuniu dados de: 97 revisões sistemáticas 1.039 ensaios clínicos randomizados Mais de 128 mil participantes adultos Foram incluídas pessoas: Da população geral Com diagnóstico de depressão ou ansiedade Com doenças crônicas (como câncer, doenças cardiovasculares, HIV, doença renal) Mulheres grávidas e no pós-parto Adultos mais velhos O foco foi avaliar intervenções baseadas em atividade física, comparadas a cuidados habituais ou ausência de intervenção. Principais resultados: o que a ciência encontrou? Os resultados foram consistentes e claros: 🔹 A atividade física reduz significativamente os sintomas de: Depressão Ansiedade Sofrimento psicológico Os efeitos observados foram considerados moderados, mas clinicamente relevantes — e comparáveis aos encontrados em tratamentos como psicoterapia e medicamentos, especialmente em quadros leves a moderados Quem se beneficia mais? Embora os benefícios tenham sido observados em todas as populações estudadas, os maiores efeitos apareceram em: Pessoas com depressão diagnosticada Mulheres grávidas e no pós-parto Pessoas com HIV ou doença renal Indivíduos aparentemente saudáveis Isso sugere que a atividade física pode ser tanto preventiva quanto terapêutica. Que tipo de atividade física funciona melhor? Um dado importante do estudo é que não existe um único tipo de exercício “ideal”. Diversas modalidades mostraram benefícios, entre elas: Exercícios aeróbicos (como caminhada, corrida, bicicleta) Treinamento de força Exercícios mente-corpo (como yoga, tai chi e qigong) Programas mistos 👉 O mais importante é se movimentar, respeitando as possibilidades do corpo e o contexto de cada pessoa. Intensidade, duração e frequência: menos pode ser mais Outro achado interessante: Exercícios de intensidade moderada a alta tendem a gerar maiores benefícios Intervenções mais curtas (até 12 semanas) foram tão ou mais eficazes do que programas muito longos Não é necessário um volume excessivo de atividade para obter efeitos positivos na saúde mental Isso reforça que a prática pode ser acessível, adaptável e sustentável. O que tudo isso nos ensina? Esse grande conjunto de evidências científicas aponta para uma mensagem clara: 🟢 A atividade física deve ser considerada um pilar fundamental no cuidado da saúde mental, e não apenas um complemento. Além de ajudar a reduzir sintomas emocionais, o movimento promove benefícios físicos, sociais e emocionais integrados, contribuindo para uma vida mais equilibrada e saudável. Quer se aprofundar? Este texto é um resumo didático de um estudo científico robusto. Caso você queira acessar a pesquisa completa, com todos os dados e análises detalhadas, confira o artigo original no British Journal of Sports Medicine https://bjsm.bmj.com/content/57/18/1203