A Respiração e a postura do corpo

“Uma postura pode influenciar muito mais do que imaginamos..” O Corpo Humano é um sistema estruturado com sabedoria infinita. Conforme a postura em que nos colocamos, podemos “ajudar” ou “atrapalhar” o funcionamento desta fantástica estrutura chamada Corpo Humano. Se predominamos no nosso dia a dia em posturas “encolhidas”, “tensas”, curvadas ou contraídas, certamente prejudicamos a fluidez da respiração, da oxigenação e da circulação sanguínea. A nossa atenção deve estar voltada à nossa postura corporal, que reflete nosso estado geral, nossa prontidão no momento presente, e a condição de oxigenação em que estamos. Uma posição curvada ou de compressão constante nos pulmões, pode comprometer todo o sistema Respiratório, e diminuir a oxigenação celular, acentuando negativamente todas as interferências que a respiração tem sobre as emoções, sobre o funcionamento mental e sobre a manutenção da energia do corpo. Cuidar da própria postura é um ato em prol da saúde e do bem estar de si mesmo. A postura corporal reflete também a postura emocional, e pode também refletir uma condição de funcionamento do sistema todo. Colocar as posturas do corpo em movimento, sempre com a intenção de relaxar, de ampliar e desbloquear o que estiver comprimido ou tenso. A respiração e os exercícios respiratórios, podem movimentar as posturas e possibilitar o funcionamento saudável e equilibrado de todos os sistemas que compõem esse mágico organismo chamado Corpo Humano. Maria Eugênia Anjos

Exercícios de meditação e respiração podem aguçar sua mente

53-2021 Neuroscience, 10 de Maio/2018 Pesquisadores do Trinity College Dublin relatam que a respiração controlada, um elemento-chave da meditação, afeta diretamente os níveis de noradrenalina no cérebro. O estudo sugere que a respiração controlada pode aumentar a atenção e melhorar a saúde geral do cérebro. Fonte: Trinity College Dublin. Há muito tempo é afirmado por iogues e budistas que a meditação e as antigas práticas centradas na respiração, como o pranayama, fortalecem nossa capacidade de nos concentrarmos nas tarefas. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Trinity College Dublin explica pela primeira vez a ligação neurofisiológica entre respiração e atenção. A meditação focada na respiração e as práticas de respiração yogue têm vários benefícios cognitivos conhecidos, incluindo aumento da capacidade de foco, diminuição da divagação da mente, aumento dos níveis de excitação, emoções mais positivas, diminuição da reatividade emocional, entre muitos outros. Até o momento, entretanto, nenhuma ligação neurofisiológica direta entre a respiração e a cognição foi sugerida. A pesquisa mostra pela primeira vez que a respiração – um elemento-chave das práticas de meditação e atenção plena – afeta diretamente os níveis de um mensageiro químico natural no cérebro chamado noradrenalina. Esse mensageiro químico é liberado quando somos desafiados, curiosos, exercitados, focados ou estimulados emocionalmente e, se produzido nos níveis corretos, ajuda o cérebro a desenvolver novas conexões, como um fertilizante cerebral. Em outras palavras, a maneira como respiramos afeta diretamente a química de nossos cérebros de uma forma que pode aumentar nossa atenção e melhorar nossa saúde cerebral. O estudo, realizado por pesquisadores do Trinity College Institute of Neuroscience e do Global Brain Health Institute em Trinity, descobriu que os participantes que se concentraram bem ao realizar uma tarefa que exigia muita atenção tinham maior sincronização entre seus padrões de respiração e sua atenção, do que aqueles que tiveram foco pobre. Os autores acreditam que pode ser possível usar práticas de controle da respiração para estabilizar a atenção e aumentar a saúde do cérebro. Michael Melnychuk, candidato a doutorado no Trinity College Institute of Neuroscience, Trinity, e principal autor do estudo, explicou: “Os praticantes de ioga afirmam há cerca de 2.500 anos que a respiração influencia a mente. Em nosso estudo, procuramos uma ligação neurofisiológica que pudesse ajudar a explicar essas afirmações medindo a respiração, o tempo de reação e a atividade cerebral em uma pequena área do tronco cerebral chamada locus coeruleus, onde a noradrenalina é produzida. A noradrenalina é um sistema de ação para todos os fins no cérebro. Quando estamos estressados, produzimos muita noradrenalina e não podemos nos concentrar. Quando nos sentimos lentos, produzimos muito pouco e, novamente, não podemos nos concentrar. Há um ponto ideal de noradrenalina em que nossas emoções, pensamento e memória são muito mais claros. ” “Este estudo mostrou que, conforme você respira no locus coeruleus, a atividade aumenta ligeiramente e, conforme você expira, diminui. Simplificando, isso significa que nossa atenção é influenciada por nossa respiração e que sobe e desce com o ciclo da respiração. É possível que, ao focar e regular sua respiração, você possa otimizar seu nível de atenção e, da mesma forma, ao focar em seu nível de atenção, sua respiração se torne mais sincronizada. ” A pesquisa fornece uma compreensão científica mais profunda dos mecanismos neurofisiológicos que fundamentam as práticas de meditação antigas. As descobertas foram publicadas recentemente em um artigo intitulado ‘Acoplamento de respiração e atenção via locus coeruleus: efeitos da meditação e pranayama’ na revista Psychophysiology. Pesquisas adicionais podem ajudar no desenvolvimento de terapias não farmacológicas para pessoas com condições de atenção comprometida, como TDAH e lesão cerebral traumática, e no apoio à cognição em pessoas mais velhas. Existem tradicionalmente dois tipos de práticas focadas na respiração – aquelas que enfatizam o foco na respiração (atenção plena) e aquelas que exigem que a respiração seja controlada (práticas de respiração profunda como o pranayama). Nos casos em que a atenção de uma pessoa está comprometida, as práticas que enfatizam a concentração e o foco, como a atenção plena, em que o indivíduo se concentra em sentir as sensações da respiração, mas não faz nenhum esforço para controlá-las, podem ser mais benéficas. Nos casos em que o nível de excitação de uma pessoa é a causa da falta de atenção, por exemplo, sonolência ao dirigir, coração batendo forte durante um exame ou durante um ataque de pânico, deve ser possível alterar o nível de excitação no corpo controlando a respiração . Ambas as técnicas demonstraram ser eficazes a curto e a longo prazo. Ian Robertson, codiretor do Global Brain Health Institute da Trinity e principal investigador do estudo, acrescentou: “Os praticantes de ioga e budistas há muito consideram a respiração um objeto especialmente adequado para meditação. Acredita-se que ao observar a respiração e regulá-la de maneiras precisas – uma prática conhecida como pranayama – as mudanças na excitação, atenção e controle emocional que podem ser de grande benefício para o meditador são realizadas. Nossa pesquisa descobriu que há evidências para apoiar a visão de que há uma forte conexão entre as práticas centradas na respiração e uma estabilidade mental. ” “Nossas descobertas podem ter implicações específicas para a pesquisa sobre o envelhecimento do cérebro. Os cérebros normalmente perdem massa à medida que envelhecem, mas menos no cérebro de meditadores de longo prazo. Cérebros mais “jovens” têm um risco reduzido de demência e as técnicas de meditação da atenção plena realmente fortalecem as redes cerebrais. Nossa pesquisa oferece uma possível razão para isso – usar nossa respiração para controlar um dos mensageiros químicos naturais do cérebro, a noradrenalina, que na “dose” certa ajuda o cérebro a desenvolver novas conexões entre as células. Este estudo fornece mais uma razão para que todos possam melhorar a saúde de seus cérebros usando uma ampla gama de atividades que vão desde exercícios aeróbicos até meditação consciente. ” Fonte: Fiona Tyrrell – Trinity College Dublin Editor: Organizado por NeuroscienceNews.com. Fonte da imagem: A imagem da NeuroscienceNews.com é de domínio público. Pesquisa Original: Resumo para “Acoplamento de respiração e atenção através do locus

A respiração tem o poder de tocar e libertar sentimentos reprimidos

Fonte: REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORAL: O Trabalho Respiratório como Ferramenta Psicoterapêutica: Uma Revisão embasada na Psicologia Corporal No. 7, p.83-107. Junho/2018 – ISSN 2357-9692 Destacamos alguns trechos de artigos científicos onde são abordadas experiências e estudos comprovando a eficácia dos exercícios respiratórios: Lowen (2007) diz que respirar profundamente é sentir profundamente, e que esta respiração tem o poder tocar e libertar sentimentos reprimidos. Boadella (1992) diz que na medida em que as emoções são liberadas, os músculos tensos podem abrir mão de sua função defensiva. Volpi e Volpi (2003) dão ainda mais um passo ao explicar que na medida em que esta couraça muscular vai sendo diluída, há uma liberação da energia vegetativa e a reprodução das lembranças infantis que podem ser a base do sintoma ou transtorno presente. Deste ponto de vista, a respiração seria capaz não apenas de diminuir as tensões causadas pelo estado de contração ligado ao pânico e a ansiedade, mas também de levar o paciente a fazer contato com sensações, sentimentos e emoções primitivas e aparentemente destrutivas, aceitá-las e, na medida do possível, permitir que fluam para a esfera da ação, onde deixam de ter domínio sobre o comportamento do indivíduo. Na testagem de um programa de intervenção cognitivo-comportamental em um grupo de crianças obesas, Luiz (2011) propõe o exercício diário de respiração lenta e profunda com o objetivo de desenvolver nos pacientes um maior controle corporal e lhes proporcionar a sensação de calma. A autora percebeu uma diminuição do consumo alimentar em situações de estresse emocional, o que vinculou ao uso dos exercícios de relaxamento, respiração e reestruturação cognitiva. De forma geral, o GE apresentou uma diminuição significativa do percentil de obesidade, dos sintomas depressivos e ansiosos e uma melhora na qualidade de vida quando comparado ao GC. O uso do trabalho respiratório neste contexto pode ter auxiliado no desenvolvimento da consciência corporal e emocional dos indivíduos, acarretando na modificação de seus padrões comportamentais. Boadella (1992) considera que o reequilíbrio da energia emocional está intrinsecamente ligado ao equilíbrio da respiração. Lowen (1984) explica que a terapia bioenergética parte da ideia da existência de uma identidade funcional entre mente e corpo, considerando que qualquer mudança nos sentimentos e comportamentos de uma pessoa acarretaria em alterações no funcionamento do seu corpo, principalmente nas funções da respiração e motilidade. Por conta disso, busca auxiliar o paciente a tomar consciência de suas tensões musculares e do hábito de reter a respiração. Desta forma, seguindo a contrapartida desta identidade funcional, o autor sugere a modificação do comportamento através da dissolução das tensões que limitam a respiração e os movimentos espontâneos do organismo. Ao sugerir o trabalho de respiração profunda como ferramenta complementar ou alternativa para o manejo da dor em pacientes da oncologia, Graner, Costa e Rolim (2010) afirmam que esta técnica visa desviar a atenção do indivíduo de um procedimento doloroso, diminuindo sua ansiedade, proporcionando momentos de alívio da dor, distanciamento da realidade e aumentando sua consciência corporal. Referências: LOWEN, Alexander. A espiritualidade do corpo: bioenergética para a beleza e harmonia. ⠀ BOADELLA, David. Correntes da vida: uma introdução à biossíntese. 2.ed. ⠀ VOLPI, José Henrique; VOLPI, Sandra Mara. Reich: da vegetoterapia à descoberta da energia orgone. Curitiba, PR: Centro Reichiano LUIZ, Andreia Mara Angelo Gonçalves. Efeitos de um programa de intervenção cognitivo- comportamental em um grupo para crianças obesas. 2010. 111 f. Tese (Doutorado em Ciências, Área: Psicologia) – Faculdade de Filosofia, Ciências, e Letras de Ribeirão Preto da USP, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-21102013-160131/pt-br.php>. Acesso em 03 mai. 2017. ⠀ ⠀ Extraídos do artigo científico: REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORA: O Trabalho Respiratório como Ferramenta Psicoterapêutica: Uma Revisão embasada na Psicologia Corporal No. 7, p.83-107. Junho/2018 – ISSN 2357-9692 Edição eletrônica em http://psicorporal.emnuvens.com.br/rbpc